domingo, 23 de agosto de 2009

Dom João VI

Passeio pelas ruas da cidade atônita,
vendo os prédios caírem aos meus pés.
Não são prédios são os pés
do mundo que esmagam nossas cabeças.
Mas como é bonito o teatro municipal.
Não canso de me espantar.
Muitas pessoas falam sozinhas enquanto passeiam nas ruas.
O mundo está salvo
os loucos existem
e as árvores também.
A janela do ônibus enquadra a quina de um prédio,
a borda de outro e uma árvore.
Sozinha escrevo melhor porque dói mais.
A igreja continua em obras.
Há duzentos anos veio aqui um homem e disse: civilização.
E assim nós existimos tristes por essas ruas falsificadas.
Não basta termos pés e prédios
não é suficiente.
O importante é estarmos sós
para poder
muito
escrever.


2006/2007