terça-feira, 11 de maio de 2010

A meia de seda

É sensação feminina. A frustração da meia de seda rasgar no primeiro dia de uso. É bom usar meia de seda na indumentária do trabalho. Também é bom quando chove numa segunda-feira. Você se sente habitante de um lugar ameno, meio distante meio ficcional, onde é possível usar meia de seda. E a segunda-feira parece quinta. Mas quando você chega cansada do trabalho e resolve arrumar as gavetas do banheiro ainda com a meia de seda, antes do banho, levanta, passa a mão, e percebe que ela está rasgada. Irrita. Minha meia nova. Ter sensações femininas é bom. Sentir o cabelo crescer e gostar. Prender o cabelo. Fazer rabo pela primeira vez depois de usar um corte baixo durante meses. Precisar de uma touca de banho. Hoje comprei uma touca de banho orgânica. E a minha primeira Vogue. Procuro me espantar sempre. Todas as vezes. Com a touca de banho orgânica (devo comê-la?) e com o anúncio da bolsa da Chanel (devo comê-lo?). Com a moda outono-inverno infantil, já que ainda não tenho filhos. Todos criticam quem usa o espaço dos blogues pra falar sobre a própria vida. Mas, no fundo, todos o fazem. Comecei a justificar, mas talvez seja óbvio. Minha vida não é importante, não mudei o mundo, não nasci em Nova Iguaçu, não escrevi um projeto de inclusão social. Tenho 26 anos e ainda não tenho aquele emprego naquela empresa. Não estudei economia, e nem engenharia de produção. E tudo isso que acabei de escrever muitos outros já escreveram, não é novidade. Mas, não me importa. Bateau Mouche é navio fantasma. Estão todos convidados.