sexta-feira, 16 de julho de 2021

Aniversário do Walter Benjamin

Walter Benjamin em 1926. Acervo do Leo Baeck Institute.

Dia 15 de julho é aniversário do Walter Benjamin.

Eu gosto de falar Benjamin com ênfase no “min”, bem abrasileirado. Judeu-alemão nascido em Berlim em 1892, ele se suicidou em 1940, fugindo dos nazistas. Só poderia ser canceriano. Vejam o que escreve sobre ele Hannah Arendt, num lindo ensaio biográfico publicado no livro Homens em tempos sombrios: “o que o fascinava era que o espírito e sua manifestação material estavam tão intimamente ligados que parecia possível descobrir, em todas as partes, as correspondances de Baudelaire. Benjamin tinha paixão pelas coisas pequenas, até minúsculas. Para ele, a dimensão de um objeto era inversamente proporcional à sua significação”.

Não à toa, Walter Benjamin esteve atento à moda. Na maravilha que é o texto “Sobre o conceito da história”, onde podemos ler trechos como “articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘como ele de fato foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo”, ou “nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo”, estão aquelas famosas frases: “A moda tem um faro para o atual, onde quer que ele esteja na folhagem do antigamente. Ela é um salto de tigre em direção ao passado”. Walter Benjamin é leitura incontornável. No volumão do livro das Passagens, publicado no Brasil pela Editora UFMG, há uma parte importante sobre a moda. Sente só: “A epígrafe de Balzac (‘Nada morre, tudo se transforma.’) se presta bem para explicar a temporalidade do inferno. A explicar por que esta temporalidade não quer conhecer a morte, por que a moda zomba da morte, e como a rapidez do trânsito e a velocidade da transmissão de notícias – que faz com que as edições dos jornais se sucedam rapidamente – visam a eliminar toda interrupção, todo fim abrupto, e de que maneira a morte como cesura tem a ver com a linha reta do decurso divino do tempo. – Houve modas na Antiguidade? Ou será que o ‘poder da moldura’ as proibiu?”.