quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Padre Cícero

 

A estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte

Esse foi um ano para lá de bom. Lancei meu primeiro livro e divulgando O guarda-roupa modernista viajei para Belo Horizonte, Buenos Aires, Itu, Poços de Caldas, São Paulo, Rosario. Fiz amigos por causa do livro. Conheci um monte de gente maravilhosa, um monte de livrarias lindas também. Vivi um turbilhão-delícia. Dei entrevista, aula, curso, palestra, participei de feira literária, mesa redonda, podcast. Escrevi artigo de jornal, ensaio, texto para a Lua, ficção, quase não escrevo mais poemas. Me mudei para São Paulo, comecei a correr. No início de dezembro, tive a sorte de ir ao Cariri. A estátua de Padre Cícero na Colina do Horto, em Juazeiro do Norte, no Ceará, é um lugar muito forte. Tem 30 metros de altura e foi inaugurada em 1º de novembro de 1969. Dei três voltas no cajado do Padim e fiz um pedido. Agradeci, rezei por saúde e proteção para nós. Da estátua, aos pés do Padim Ciço, vemos os contornos sensuais da Chapada do Araripe. A paisagem e o horizonte espiritual ficam repletos dessa mistura que me pareceu tão típica do Cariri, de fé, beleza, amor, dor, milagre, choro, carne, salvação. Ter fé é entregar e confiar. É se aproximar de quem nós somos, com a franqueza e a coragem que esse gesto necessita. Me tornei devota do Padim Ciço e estou certa de que ele, minhas santas e meus santos, meus guias espirituais, meus ancestrais e aqueles que virão depois de mim conduzem minha vida no caminho do bem, do amor e da saúde. No sertão brasileiro as pessoas têm fé. E ter fé é uma das coisas mais bonitas que pode acontecer ao ser humano. Agradeço todos os dias que vivi em 2022, as alegrias e as dificuldades. Agradeço meu corpo, minha saúde e minha inteligência porque sei que estar viva é uma dádiva. Obrigada, Oyá, minha mãe Iansã, é você a maior homenageada na minha existência porque é você que acontece na medida em que eu sou.